Em novembro de 2020, o Scrum.org lançou a nova versão do Scrum Guide. Essa versão foi lançada em comemoração aos 25 anos do Scrum, completados também no mês de novembro. Foi um belo presente, não é mesmo? Nesta edição, é possível perceber a preocupação dos autores em reforçar a importância da aderência aos valores e princípios do Scrum, talvez em resposta à banalização e ao mau uso do framework. Essa preocupação é visível no tom de voz quando os autores falam sobre as adaptações que o framework tem sofrido:
"Mudar o modelo central ou ideias do Scrum, remover elementos ou não seguir as regras encobre os problemas e limita os benefícios do Scrum, potencialmente até tornando-o inútil", afirmam.
Outros pontos enfatizados pelos autores referem-se aos artefatos e a condução das inspeções:
"Artefatos com baixa transparência podem levar a decisões que diminuem o valor e aumentam o risco",
"A inspeção sem transparência é enganosa e gera desperdício" e "a inspeção sem adaptação é considerada inútil. Os eventos Scrum são projetados para provocar mudanças." Confira abaixo o que mais mudou no novo Scrum Guide!
Scrum Guide: entenda as provas e certificações Temos uma boa notícia para quem quer tirar as certificações PSM, CSM, PSPO ou CSPO ainda este ano: apesar do lançamento do novo Scrum Guide, você poderá fazer a prova estudando pelo Scrum Guide de 2017. Mas, atenção, segundo o
Scrum.org, as provas aplicadas a partir de 9 de janeiro de 2021 já serão baseadas na nova versão do Scrum Guide.
Entenda o Lean Thinking, Sprints (projetos pequenos) e valores O Lean Thinking aparece em evidência no novo Scrum, e é considerado como um dos "berços" da metodologia. Para quem nos acompanha isso não é uma novidade, mas agora está publicada oficialmente:
"Scrum é baseado no empirismo e lean thinking. O empirismo afirma que o conhecimento vem da experiência e da tomada de decisões com base no que é observado. O lean thinking reduz o desperdício e se concentra no essencial"
Além disso, o novo
guia descreve uma sprint como um projeto curto e com duração de um mês:
"Sprints permitem previsibilidade, garantindo a inspeção e adaptação do progresso em direção a uma meta do Produto ao menos uma vez por mês. (...) Cada Sprint pode ser considerado um projeto curto", afirma o manual.
Os cinco valores do Scrum
(Compromisso, Foco, Abertura, Respeito e Coragem) também marcam presença na nova versão. Entretanto, há mudanças interessantes na grafia, que deixam algumas definições muito mais claras, como, por exemplo:
"O Scrum Team se compromete a atingir seus objetivos e dar suporte uns aos outros". Confira as mudanças estruturais do Scrum Guide O novo guia conta com 5 mudanças principais em sua nova versão, confira abaixo:
1 - Menos prescritivoNa nova versão, os textos e as definições foram simplificadas para que o Scrum Guide se torne menos prescritivo. Arriscamos a dizer que o Scrum estava caminhando para deixar de ser um framework e tornar-se uma metodologia. Existe mais foco no "Porquê" e menos no "Como". Entretanto, já existem discussões sobre o quanto essa transformação poderia ampliar o mau uso, seja pela falta de interpretação ou compreensão ou apenas por má intenção. Por outro lado, isso redefinição torna o Scrum, como o próprio Scrum Guide menciona, mais um container para as famosas práticas complementares, como o Kanban.
Confira alguns exemplos dessa simplificação:
- Remoção das 3 perguntas da Daily Meeting, entendendo que existem outras formas de conduzir este evento;
- O cancelamento da sprint, que antes ocupava parte significativa do guia, agora é apenas um parágrafo dentro da descrição da sprint. Além disso, está mantida a regra de que apenas o Product Owner tem a autoridade para cancelar a sprint, sempre e quando o seu objetivo se tornar obsoleto;
- Simplificação da retrospectiva. Segundo o novo guia, o Scrum Team inspeciona como foi a última Sprint em relação a indivíduos, interações, processos, ferramentas e sua Definição de Pronto;
- A simplificação e suavização: não existem mais temas específicos apenas da TI, posicionando o Scrum como um framework de gerenciamento de produtos e não apenas o gerenciamento de projetos relacionados a TI.
2 - Menos Nós vs. Eles Uma alteração importante foi realizada na composição do Scrum Team. Para evitar times dentro de times e o clima de "nós vs. eles", o time de desenvolvimento deixa de existir e seus membros são chamados de "Desenvolvedores" (Developers). Assim, o Scrum Team é composto pelo Scrum Master, Product Owner e Desenvolvedores, e segue sem títulos nem hierarquia, promovendo mais consistência e evitando times dentro de times.
A ideia é deixar clara a definição de "um time, um produto". Outra mudança é que, agora, um Scrum Team deve somar 10 pessoas. Anteriormente, a regra de quantidade aplicava-se apenas ao time de desenvolvedores, com um grupo entre 3 e 9 pessoas.
3 - Comece pelo Por quê O product backlog ganhou um novo item (PBI): a
Meta do Produto. A Meta do Produto descreve u
m estado futuro do produto que pode servir como um alvo para o Scrum Team se planejar. O restante do Product Backlog emerge para definir "o que" cumprirá a Meta do Produto. Por exemplo: se a meta do produto é aumentar a base de clientes ativos, cada sprint deverá aproximar o produto dessa meta.
Essa inclusão é muito importante para aproximar os times dos objetivos de negócio e com um toque de OKR (
Objectives and Key Results ou Objetivos e Resultados-Chave) no meio disso tudo. Apoiamos a cultura de resultados e, por isso, achamos essa a principal e melhor mudança.
4 - Compromissos Com o novo guia, cada artefato scrum possui um compromisso. A própria Meta de Produto que descrevemos no item anterior não é um artefato, mas um compromisso do Product Backlog. Esses compromissos servem como uma "casa" de itens das versões anteriores, como a meta da sprint e a definição de pronto (que, nessa versão, é escrita sem aspas) ficavam em uma espécie de "limbo". Agora, todos os 3 artefatos do scrum possuem compromissos relacionados a eles.
- Product Backlog: Meta do produto;
- Sprint Backlog: Meta da sprint;
- Incremento: Definição de pronto
5 - Auto-gerenciáveis e não apenas auto-organizáveis Anteriormente, os Guias Scrum se referiam ao Time de Desenvolvimento como Auto-Organizados, escolhendo quem e como fariam o trabalho. Com mais foco no Scrum Team, a versão 2020 enfatiza um Scrum Team auto-gerenciado, escolhendo quem, como e no que trabalhar.
"A adaptação se torna mais difícil quando as pessoas envolvidas não são empoderadas ou auto-gerenciadas." Confira o resumo sobre o que mudou no Scrum Guide A mudanças do novo guia são extremamente positivas e realçam a importância do entendimento e prática dos Valores e Pilares do Scrum. Acreditamos que a nova versão está mais democrática e facilita a compreensão de que o framework pode ser aplicado em domínios de complexidade e não apenas em projetos de software, posicionando-se de forma declarada como um framework de gestão de produtos.
Agora, é aguardar os próximos capítulos e deixar o empirismo e as observações do uso desse novo guia nos ensinarem se as mudanças são, além de importantes, eficientes.
Aprenda com a L3 Na segunda quinzena de janeiro de 2021, lançaremos a nova versão da nossa enabling session sobre Business Agility, já incluindo as atualizações do novo guia. Aproveite e preencha gratuitamente o formulário de interesse abaixo e garanta um super desconto de early bird. Clique
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A L3 recomenda Assista ao vídeo abaixo, em que os os pais do Scrum Guide explicam as principais mudanças. Não achamos a versão em português :_(
https://www.scrum.org/resources/2020-scrum-guide-launch-event-recording Baixe
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https://www.scrumguides.org/download.html